domingo, 19 de abril de 2009

Com açúcar, com afeto

Impressionante esse instinto materno que a maioria das mulheres tem. Relembrando alguns antigos relacionamentos eu percebo como FUI MÃE dos meus namorados.

Sem perceber lá estamos nós cuidando, protegendo, é um querer bem mais que bem querer.

A gente toma partido deles até contra nós mesmas. Eu já me peguei várias vezes travando discussões sozinha, buscando incansavelmente argumentos pra defender meu amado de mim mesma, da minha razão e amor-próprio que por vezes tentaram dar as caras.

Mas quando se está apaixonado a gente só enxerga o outro: as vontades do outro, os sentimentos do outro, os medos do outro, as necessidades do outro, a vida do outro.

Apaixonar-se é esquecimento...começando pelas experiências anteriores que deveriam nos alertar pra roubada em que estamos prestes a nos meter, e por fim um esquecimento da nossa própria existência.

É tudo tão irracional que quando acaba a gente se pergunta: “Onde é que eu estava esse tempo todo?”

E quando se é mãe acontece isso também, porque por um longo tempo a gente só sabe babar e dizer sim aos nossos bebês, tudo passa a ser em função deles e como dói contrariá-los. Mas chega um ponto que este encantamento acaba (normalmente na adolescência) e então viramos as chatas. Pior é a culpa de ter cedido tanto, nos deixado seduzir tanto e olharmos para nós mesmas e repararmos na sombra que nos tornamos, e então a mesma pergunta: “Onde é que eu estava esse tempo todo?”

A resposta ninguém sabe...

Isso me lembra uma música do Chico.

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

11 comentários:

Alfredo Rangel disse...

Valentina,
aquelas poesias do almatua.blogspot são todas minhas, excessão feita às homenagens que faço a grandes poetas e que identifico como sendo de cada um.
Foi ótimo te receber lá e espero que vc volte mesmo e que vire, além de tudo, uma grande amiga. Vou agora viajar pelo teu blog. O que já vi me deixou muito feliz.
Volte lá.

Beijo

Jônathas Ayres disse...

Se acredito? Hahaha... Se existe algo para reger a minha vida, é o amor de Deus. Não acredito em qualquer tipo de tendência comportamental, seja astral, astrológica, ou mesmo genética, porque todas as minhas decisões são tomadas por mim mesmo. Mesmo assim, me interessam todas as culturas humanas, já que eu nunca entendi nenhuma delas muito bem... E acho engraçado que algumas coincidências tornem as pessoas escravas do horóscopo...

Mas vamos ao seu post... Será que isso é só com as mulheres? Eu também tenho esse senso paternal com todos os meus amigos... Nunca tive uma namorada, pra poder dizer o tipo de tratamento que dou a minha amada, mas acho que agiria parecido com você, ou com a moça da música... Sei lá... Só pagando pra ver... ^^

Beijos!

Sr. Despedaça Corações disse...

Apaixonar-se é esquecimento?
Que besteira.

É justamente o contrário.

Colocar amor e roubada numa mesma frase é a prova cabal de que você nunca amou de verdade.

Fabricante de Sonhos disse...

O amor bem docinho e a paixão que sempre arde...
Se não vigiamos a nós mesmos nos perdemos...
Se temos olhos, é só o outro que vemos
E a boca, só serve para os beijos e os bons conselhos aos que amamos e queremos bem...

Lindo o seu blog! Apaixonante!

Volte sempre a Fábrica de sonhos! As portas estão abertas!

Beijo meu...

Fabricante...

Sr. Despedaça Corações disse...

Faz-me rir.

Não leve pro lado pessoal, meu bem.

Nunca.

Anônimo disse...

Valentina!

Obrigado por teu carinho com o "Salada".

Obrigado ainda por seu testemunho com a "Bola de Neve". Fico feliz por sua irmã.

Não falei de nenhuma igreja em especial, mas apenas da exploração que fazem da fé alheia, sem levar em conta igreja A ou B, que também não conheço a fundo. Quanto aos nomes que destaquei, foi apenas no sentido de mostrar o "inusitado", sem querer fazer nenhum juízo de valor sobre cada uma em especial, até mesmo pq existem tantas outras com nomes igualmente interessantes.

Abraço!

Alfredo Rangel disse...

Mamãezinha, vc resgata aqui uma ndas mais bela músicas do Chico.E teu escrever também é muito doce. Muito açúcar, muito apeto.
Beijo

Tangerina disse...

E sabe, eu tão mãe dele, enquanto estávamos juntos, prepava TODAS as vezes seus pratos favoritos, colocava a tolha de banho pendurada na porta, o chinelo frente à cama, o cobria, colocava o copo d´água ao lado da cama, desligava a tv, dava beijo, trazia o café da manhã, a janta...
Eu ficava acordada a noite toda quando ele tinha febre, eu rezei quando ele tirou o dente do ciso, eu nunca mais tinha rezado.
Eu fui tão mãe, que deixei de ser companheira.

Beijo.
(Com açucar, com afeto, minha música favorita.)

Tangerina disse...

ps.:MUITA, MUITA FORÇA!

Larissa disse...

Pois é, haha.
Legal aqui :)

Fabricante de Sonhos disse...

Valentina!

Agradeço tuas palavras na fábrica de sonhos!

E estou aguardando seu próximo post, ok?

Desejo um ótimo final de semana!

Beijo meu...

Fabricante...