quinta-feira, 23 de abril de 2009

E se um dia a gente se encontrar... vai ser lindo!

Hoje vim falar do meu primeiro amor. Aquele que conseguiu selar meu coração para sempre. Aquele que, passem quantos amores passarem, jamais será esquecido.

Ele me lembra pagode do Raça Negra, muitos fins de semana em Saquarema e Araruama, tinha uma Parati vinho e uma sunga laranja (hahaha). Sou capaz de lembrar qualquer detalhe que se refira a ele, e olha que tenho péssima memória. Foi nele que me deparei pela primeira vez com a imagem do meu príncipe. Foi com ele que sonhei infinitas noites em busca do que não conseguiria na vida real.

Estou falando do melhor amigo do meu pai. Isso mesmo (rsrsrs). Não se assustem, ele não é tão velho quanto parece, mas nossa diferença de idade foi suficiente para ele desconsiderar a ideia de me namorar. Logo eu, que desconheço a palavra “impossível”. Pois bem, lutei e consegui. Não um namoro, o namoro eu deixo por conta dos rótulos, mas consegui arrancar dele muitos beijos, olhares, suspiros, carinho, dancei muito pagode agarradinho, ai ai ai... rsrsrs

Aconteceu há 13 anos atrás, justamente a nossa diferença de idade. Depois nossas vidas tomaram rumos completamente diferentes. Ele está casado e tem 2 filhos. Eu, solteira, em busca do meu grande amor. Mas ainda temos um vínculo, meu pai. E ele, ou o destino, ou seja lá quem for, tratou de nos reaproximar.

Não sei quem é a maior tentação, eu ou ele. É recíproco, é um misto de desejo e medo, sensação de despertar o gigante que ficou adormecido por anos. Vontade de jogar tudo pro alto e correr pros braços do aconchego. Mas é duro olhar pra realidade, existem outras vidas envolvidas. E eu decidi que mesmo acreditando na força desse sentimento não vou passar por cima delas, não vou atropelar a história dele. Decisão provocada por algumas sessões de análise e lembranças de diálogos com minha amiga Valentina.

Por sabedoria, estou me afastando para permitir que ele viva a sua história e o que fica é todo o carinho dos momentos mais puros e mais entregues que eu vivi com um homem.

Disse a ele: Vai, vai viver. E se um dia a gente se encontrar... vai ser lindo!

domingo, 19 de abril de 2009

Com açúcar, com afeto

Impressionante esse instinto materno que a maioria das mulheres tem. Relembrando alguns antigos relacionamentos eu percebo como FUI MÃE dos meus namorados.

Sem perceber lá estamos nós cuidando, protegendo, é um querer bem mais que bem querer.

A gente toma partido deles até contra nós mesmas. Eu já me peguei várias vezes travando discussões sozinha, buscando incansavelmente argumentos pra defender meu amado de mim mesma, da minha razão e amor-próprio que por vezes tentaram dar as caras.

Mas quando se está apaixonado a gente só enxerga o outro: as vontades do outro, os sentimentos do outro, os medos do outro, as necessidades do outro, a vida do outro.

Apaixonar-se é esquecimento...começando pelas experiências anteriores que deveriam nos alertar pra roubada em que estamos prestes a nos meter, e por fim um esquecimento da nossa própria existência.

É tudo tão irracional que quando acaba a gente se pergunta: “Onde é que eu estava esse tempo todo?”

E quando se é mãe acontece isso também, porque por um longo tempo a gente só sabe babar e dizer sim aos nossos bebês, tudo passa a ser em função deles e como dói contrariá-los. Mas chega um ponto que este encantamento acaba (normalmente na adolescência) e então viramos as chatas. Pior é a culpa de ter cedido tanto, nos deixado seduzir tanto e olharmos para nós mesmas e repararmos na sombra que nos tornamos, e então a mesma pergunta: “Onde é que eu estava esse tempo todo?”

A resposta ninguém sabe...

Isso me lembra uma música do Chico.

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.